
No compasso acelerado dos nossos dias, entre metas, pressões e cobranças, às vezes nos esquecemos de um princípio fundamental: somos todos humanos. Somos feitos de emoções, de histórias, de limites. E é justamente por isso que liderar exige, mais do que técnica, uma profunda responsabilidade afetiva.
Este é um chamado — sereno, mas firme — a todos que ocupam posições de liderança: cuidem de suas palavras. Observem seus gestos. Repensem suas reações. O ambiente de trabalho precisa ser um espaço de crescimento, de escuta, de respeito mútuo. Não há espaço legítimo para grosserias, para gritos, para humilhações ou constrangimentos. Ainda que não intencionais, esses comportamentos deixam marcas profundas, silenciosas, muitas vezes irreparáveis.
É preciso olhar com mais sensibilidade para quem está do outro lado: a força de trabalho. São profissionais que se doam todos os dias, que lidam com pressões imensas e com realidades emocionalmente exaustivas — como é o caso do dia a dia em um hospital como o Instituto Nacional de Câncer. São técnicos, tecnologistas,analistas, assistentes, terceirizados , CTUs, bolsistas, residentes, profissionais da limpeza, da segurança — todos parte essencial do cuidado com o outro. E quando um desses trabalhadores, no exercício de suas atribuições, é surpreendido com um constrangimento ou uma humilhação pública, ele não sente apenas vergonha. Sente-se desvalorizado. Injustiçado. Esquecido. Invisível.
Esses episódios machucam. Abalam a autoestima, o senso de pertencimento, a motivação. O sofrimento emocional no trabalho pode ser silencioso, mas é real. E cumulativo.
Por isso, cabe à liderança o compromisso inegociável de construir um ambiente onde o respeito seja norma, onde o reconhecimento seja constante, onde a dignidade de cada trabalhador esteja acima de qualquer tensão momentânea. Liderar é, sobretudo, cuidar.
E cuidar exige começar por si. Se você, líder, percebe que a rotina tem te roubado a calma, a empatia, a paciência — esse é um sinal. Talvez seja hora de se permitir pausar, respirar, buscar apoio, reconectar com seu próprio bem-estar. Porque quando você cuida da sua saúde mental, está também cuidando da saúde de sua equipe. Quando você se permite estar bem, transmite segurança, acolhimento, e confiança a quem está ao seu lado.
Num ambiente hospitalar, onde tantas vidas são cuidadas todos os dias, é ainda mais urgente lembrar: precisamos cuidar também uns dos outros. Que cada um ajude o outro — com escuta, com presença, com humanidade. Assumir a responsabilidade pelo autocuidado é também uma forma de proteger o coletivo.
Que este texto sirva como um lembrete: palavras têm poder. O tom tem poder. O silêncio, também. Escolhamos com sabedoria. Que a liderança seja sempre, antes de tudo, um exercício de humanidade. E que o cotidiano, mesmo em meio às adversidades, possa ser tecido com respeito, serenidade e justiça.
Vamos juntos construir um ambiente mais saudável, seguro e humano — onde o respeito seja prática, a escuta seja constante e a violência no trabalho nunca seja naturalizada ou tratada como simples conflito.
Pensando nisso, a AFINCA reforça seu compromisso com o acolhimento e o cuidado.
• Em caso de assédio, disponibilizamos um canal exclusivo: assedio@afinca.org.br (garantimos o sigilo de sua denúncia).
• Também temos ampliado nossas parcerias voltadas à promoção da saúde física e mental dos associados. Entre elas, destacam-se a Clínica Lan (clinicalan.com.br) e o Espaço Multidisciplinar Integrar (@integrarmultidisciplinaar), onde nossos associados podem cuidar da saúde e do bem-estar com atendimento de qualidade e condições especiais.
Texto: Andréa Ferreira
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